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Sabores da Memória Materna

Dia em que  as lembranças familiares invadem. Pousa por aqui a  memória  materna  com um  imenso afeto. Um tom de tristeza pela ausência de quem falo, mas as palavras invadem   afirmando a memória de aconchego que se mantém na  vida que embalamos. De sua infância sei que brincava com  bonecas inventadas de pano e o que encontrava  pelo  pátio da casa  com  irmãs e  irmãos de uma família numerosa. Entre terras da serra gaúcha,  as marcas da bagagem de avós italianos que aqui  construíram uma vida brasileira.  Ela sempre tinha histórias recheadas da boa  comida da Vó Menega,  do cotidiano de muito  trabalho na terra e dos encontros de família movimentados pelas canções italianas. Impossível esquecer de suas latas de biscoitos - entre eles os "dedinhos de mel" - os almoços de domingo e a mágica de mil delícias que invadia a mesa com o simples anúncio: "vamos tomar um cafezinho". Se por aqui  estivesse,  o tema de cada mês seria o bolo do aniversariante da

Flores Raras - Morada de Afetos

Um dia cinza. Daqueles que solicitam o aconchego de casa. Quem sabe para viajar no tempo a imagem de   um filme. Entre as opções,   um título inspirador e a lembrança de um comentário esquecido quanto a precisão das palavras, mas insistente no afeto que afirma seguir em sua direção. Nas primeiras imagens   uma conversa amiga em que segundos de letras marcam um destino: “-   Estou cansada... vou viajar        -   Ah. A cura geográfica”. Quem não viveu esta partida? O encontro do mapa de si em terras alheias. Até escolher um lugar, mas só para desviar a incerteza de não saber para onde ir. Andar com a bússola do trajeto que o lugar nos leva. Guiar-se pela força de um passado,  apresentado como   novidade para uma viajante que se entrega   ao tempo dos prédios, praças e ruas. E perceber a singularidade do percurso nas cores da natureza, entre flores que  nascem,  morrem e  situam a permanência das construções. Movimentos do filme Flores Rar

Decantar

Quando alguém chega esbaforido com algo da vida, minha dica é: "...deixe decantar ..." Sinto um olhar ressabiado, afinal a pessoa não está a beber vinho, mas envolta em algo que duvida sobre  como proceder. Diante da inutilidade de minha presença quanto a como prosseguir,  sustento o silêncio e a respiração alongada. Arrisco o encontro de um olhar. Uma parada no cronograma da vida para habitar o tempo que não medimos.  Experimentamos. Ao invés de remoer um pensamento a respeito do que se deve ou não fazer, habitar um intervalo para deixar a vida decantar... Um  ritual realizado antes de servir o vinho que  busca o primor de sua degustação.  Portanto,  é necessário ser escolhida por um vinho, abrir a garrafa,  deixar que a história deste  líquido  se complete entre os ares de nossa respiração. Estar atenta ao ar que lhe faz contorno,  permitindo que o próximo respiro  alongue  o gesto que  conduz ao ex