Uma turma imaginária.
O final de
semana foi marcado pelo singular encontro com Milton Nascimento em Porto
Alegre. Enquanto aguardava o show revisitava os sentidos que suas músicas embalaram
nos sonhos juvenis.
Quero falar de
uma coisa... adivinha onde ela anda...
Lembrei da primeira
casa que habitei e de como organizava uma turma imaginária para dar aulas com um pouco de giz e um conteúdo que minha memória deixou no tempo que passou.
A vida seguiu e
a escolha pelo curso de psicologia aconteceu. Com certeza, entre as paredes da
turma da PUC, poucos imaginariam que eu
me tornaria uma professora universitária.
Estudante dedicada, posicionada com a história política herdada de meus
pais, mas falar para mais de cinco pessoas era algo pouco provável...
Não sei
identificar em que momento essa virada aconteceu. Mas a sensação que retorna
indica que a vontade de ensinar era superada pela
impiedosa vontade de aprender que me acompanhava. Procurei alguns esconderijos, na tentativa que essa vontade passasse desapercebida de minha
existência. Não funcionou! A tal vontade estava atenta a qualquer piscar de olhos que trouxesse o brilho de uma
interrogação.
A experiência
educativa foi sendo afirmada com estagiários de psicologia, educadores populares, colegas, e quando percebi a tal turma já não
era imaginária. Passei a ter companhia permanente para aprender!
Em dias de despedida
com a chegada da formatura percebemos
que uma história de aprendizagens prosseguirá nas trajetórias peculiares que cada
um irá traçar... Aprenderam, aprendi, conjugamos o verbo aprender sem temer o destino de nossas diferentes posições, pois o compromisso foi o trabalho que nos convoca a fazer psicologia, um fazer com o outro.
Uma formação
amiga que ultrapassou os conteúdos
prescritos, afinal como não falar de quem nos tornamos no processo de aprender
psicologia?
A saudade chega, mas
a memória está povoada de mais um grupo que faz da turma imaginária de
minha infância um livro a ser consultado em qualquer tempo que a vontade
desejar. Temos uma história para contar.
Comentários
Postar um comentário