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A vida passa?

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O  efeito pós-aniversário pousou por aqui acompanhado da sensação  de que a vida passa... Os abraços, os beijos e as palavras feitas de delicadezas alegram a passagem de mais um ano. Mas,  no  dia seguinte, sentimos um toque de nostalgia do tempo que passou e que se tornou mais preciso com as 24 horas de afagos do aniversariar. No instante da troca de  um dia para outro, a  parada do aniversário torna a vida passado. Ao mesmo tempo, a morada de nosso dia  é invadida pelo presente que chega acompanhado  daqueles que compartilham  nossos passos. A celebração carinhosa faz perceber que o movimento da vida acontece entre    encontros. Não estamos sós no cronograma da idade que afirma um caminho que vem sendo traçado. Por sinal, só estamos por aqui por que um encontro aconteceu!  E vamos aprendendo a escolher com quem queremos manter  a direção de nosso olhar. A começar por aquela figura que      miramos no nosso espelho. São muitos olhares para encontrarmo

Escrita de uma professora.

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Entre felicitações do dia da professora  e discursos que hoje em dia não  se deseja mais essa profissão, resolvi escrever.  As vezes,  achamos que pouco  aconteceu numa sala de aula marcada pelas classes em fila, os horários, as avaliações.  E de repente, anos depois,  alguém lhe diz: lembra aquela aula que disseste tal coisa, nunca esqueci, faz todo sentido no meu trabalho... O ritmo da vida contemporânea desconsidera o movimento de aprender. Queremos estatísticas educativas, futuros trabalhadores consumidores. Meu trabalho de  professora é povoado de encontros. Um processo que ultrapassa os atos da rotina docente e as solicitações da vida atropelada que acelera o movimento sem saber que destino busca. Vivo relações singulares que  vão sendo impregnadas da vida de cada grupo com o qual trabalho no acontecimento da busca do sentido do aprender. Algo  acontece que transgride o esforço de planejar e controlar a vida educativa  em  conteúdos e  etapas  que devem

Palavrear

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- Você já mediu suas palavras hoje?  - Como assim?  Quantas palavras eu disse?  Quantas letras usei? – Não...   Quais palavras, como disse, para quem como elas se comportam ao vestirem sua voz  ou  quando tocam quem escutou aquela briga entre os lábios,   quando a palavra se faz  do  desencontro  de nosso olhar,   e  vai saindo toda desajeitada o gosto que passa pela boca no movimento das letras escolhendo  o salgado,  o doce,  o apimentado,  o insípido seu eco ressoando no labirinto da escuta o olhar que clama pela sua palavra   e  ela  não tem jeito de arrumar-se  para sair a palavra lambuzada de bom humor que  faz do alfabeto  só riso                                           têm aquelas ditas sem vergonha na massa da torcida   e a força indescritível da palavra que se faz multidão pela causa digna que grita                                                                     a palavra que nem foi dita,              

Chover

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Chove Caminhei entre as pedras no  quebra-cabeça da calçada Ao desviar  as poças   para traçar um  caminho Pisei num jardim?!  Após a batalha com o vento Ficou o tapete de pétalas abandonadas   Experimentei cada passo com as  cores do chão Sorri Tão colorido ficou meu olhar desta chuva Anoitece A cor da chuva virou ritmo Gotas que tocam o vidro Gotas que tocam a vida E a  primavera que se escondeu Nos dias do mês que aguarda  sua estação A magia não perdeu  Fez o cinza do caminho virar passo com ritmo colorido Quando  a vida  é  feita da amizade com o tempo Pouco importa que ele  insista na companhia da solidão Na batalha com a  rosa dos ventos Encontramos o sentido de uma direção

Partir e ficar

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No final de um sábado que se escondia entre nuvens recebo uma notícia triste. A hora e o local da despedida de alguém que parte para sempre. De início pensei que não era de quem eu conhecia. Uma tentativa de habitar um equívoco e não viver o sentimento. Mas era verdade. Daquelas verdades que não podemos contrapor argumentos. A morte não aceita ponderações em relação a  ausência de quem parte. Sensação de que numa rajada de vento a vida se esvai. Resta    buscar o  sentido do que vivemos  com quem partiu  e permanece em nós. Não era uma amiga de minha intimidade cotidiana, mas uma amiga da vida que se faz em elos do mundo que desejamos.  A fazedora de redes da saúde Maria Cristina Carvalho da Silva. Uma amiga  da vida pública, nas ruas, nos bares, nos serviços,  na universidade, em nós. Determinada nas práticas de uma  psicologia digna do  que  a vida de brasileiros e brasileiras solicita. Construtora de uma política de saúde mental que afirm