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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Esquecer?

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Esquecer um amor! Quem já não se colocou esta meta? Hoje é o dia perfeito, pois  29 de fevereiro só retornará daqui quatro anos. Mas amor não se esquece, está na brisa, invade o olhar, alimenta  nossa  pulsação.  A brisa, a pulsação, o olhar, não são posses de um e de outro,  mas  concessões momentâneas de um encontro.  Encontro  de um dia, um mês, ano após ano,  um  instante. Nesse mundo de tanto distanciamento, de muros e grades entre vidas e  relações,  resta a posse  de um amor. Uma tentativa de   acalmar a busca incessante de uma  morada de si na ilusão de que ela se faz no outro. Mas de onde vem essa vontade insana de esquecer um amor, um  tempo, uma vida? Exatamente por esquecermos de conjugar o amor na vida  acontecendo. Deixamos  de  experimentar suas nuances na  brisa que toca nosso corpo numa caminhada  à beira mar, no olhar brilhante da criança que solicita nossa  escuta para contar suas descobertas, na vertigem de parar e  ser tocado pelos batimentos de

Uma geografia da saudade.

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Ano novo,   férias de verão,  feriado  de carnaval. E, logo ali,   os dias de  março à nossa espera  para navegar rumo  à nova estação. A  sensação de rotina vai chegando d epois da virada deste tal tempo que denominamos  Ano Novo.  365 menos 31 dias de janeiro; 334 menos 22 dias de fevereiro;     parece que este tal Ano anda mais rápido que nossos passos.  Se,  por um lado, temos a sensação que é preciso  acelerar nosso andar, por outro,   o trajeto nos convida  a experimentar os sentidos provocados no  percurso. Despertados da aceleração pela marca de um  novo ano,   voltamos  à  rotina  com mais vagar para perceber  o cotidiano, a agenda,  as relações,  o retorno aos lugares que escolhemos viver. Porto Alegre - RS Mas  o  que nos torna de um lugar? O que nos faz permanecer e  ter o sentimento de ser  daqui ou de lá?   As pegadas dos  passos de cada dia  fazem o mapa de nosso  exercício de ficar e partir. Para alguns, uma permanência feita da terra herdada entre geraç

O gosto de um olhar

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No trajeto do olhar em direção ao outro, o corpo encontra um lugar de parada.  Feito de um tempo que chega ao acaso.   Um movimento de passagem e, talvez, da própria imaginação.  Entre as armadilhas da imaginação, é preciso  exercitar o lugar de   detetive para percorrer a intensidade do que criamos  e do que o outro está a provocar. Momentos fugazes  que dizem do que é feita a vida: pedaços apaixonantes de um tempo que escapa. Logo ali, podem vir a ser um acontecimento.  Pouco sabemos de como nos tornamos atores da cena contida no cruzamento de olhares. De repente, acontece!  Entre passagens somos invadidos pela vontade de manter o olhar como estação de um percurso. Desconhecemos o que nos força para este movimento, pois ultrapassa a razão que pergunta: o que estás fazendo?   Simplesmente  experimentamos.  Vivemos a intensidade do brilho de um olhar,  luz que cega qualquer outra direção.  A sensação invasora que  toca a pele e   percorre o corpo é feita da pr

A lua encontrando o sol: seria dia dos namorados?

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Em minha caminhada encontro a lua em pleno dia flertando com o sol.  O que estaria anunciando.  Talvez  s eduções da natureza em dias que se aproximam dos divertidos encontros de carnaval.  Por acaso, na internet, entre buscas de outra natureza  encontro um bom motivo para esta disposição da  lua com o sol em pleno 12 de fevereiro. Parece que  o  dia dos namorad@s  de outras terras chegou por aqui.  A contação de histórias diz que  essa data  está ligada a São Valentin, comemorado em 14  de fevereiro. Ele  celebrava  o casamento, mesmo com a proibição de um  imperador. No período das guerras   havia a crença que  os combatentes solteiros eram melhores. Valentin lutou pela causa, foi afirmado pelos apaixonados e, assim, pode ter surgido a celebração do dia dos  namorad@s. Por aqui, a data foi associada a Santo Antonio, nosso santo casamenteiro.   Portanto, para quem vacilou, em 2011, no dia  do namoro brasileiro,  não precisa esperar até  junho!!  Faça de conta que está en

Mais um acolhedor Café em Porto Alegre

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Na década de 90, quando conheci Buenos Aires, minha  bagagem carregou a vontade de marcar  percursos, nas ruas de  Porto Alegre, com cafeterias. A cidade portenha, entre tantas lembranças apaixonantes, seduzia minhas caminhadas com seus cafés em cada esquina. O tempo semeou a ideia por aqui e hoje temos um colorido mapa de cafés porto alegrenses, tanto  em sua  diversidade, como na originalidade destes peculiares  espaços. Acolhedores lugares para ler o jornal ou um livro, garimpar a internet, escrever na conhecida caderneta ou no novo  notebook, conversar ...  Ah!! E tomar um café! Em novembro recebi a saborosa  notícia de que mais um endereço seria incluído na minha lista de Cafés preferidos.  Não sabia o nome, mas o lugar despertou minha curiosidade e gosto. Uma  floricultura na zona sul de Porto Alegre, no  bairro Tristeza, que de triste só tem o nome. Sim,  depois de morar entre os bairros  Tristeza e Ipanema, encontrei uma boa dose de alegria de nosso porto. Tenho convi

Estações de uma juventude em nós ...

Texto publicado no Jornal Entrelinhas    Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul   Dezembro de  2011.   Numa estação    de trem    sou invadida pela vida    acelerada de caminhantes que chegam em Porto Alegre. Ali ainda     conseguimos olhar o rio-lago que em sua    tranqüilidade    despreza a aceleração urbana que transita em seu em torno. Fico a pensar no que dizer,    alguns minutos depois,    quando conversarei a respeito das políticas juvenis com uma equipe de trabalhadores    públicos de uma cidade próxima. O trem chega. Ao entrar,  o movimento de meus olhos pousaram nos passageiros. Muitos jovens. Lendo jornal.    Ouvindo música. Dormindo.    Telefonando. Com o olhar no ar, na vida, nos meus olhos. Criança? Adolescente? Jovem? Adulto? São designações assumidas para nomear ações    esperadas no desenrolar da vida. Lugares  para serem conjugados entre    idades e modos de viver.   Se por um    lado,    identificamos de forma mais precisa as mudança

“Alegria Passa-e-Fica”: Paraí!

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Uma sexta feira de 2011 com destino à minha cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul. Na saída de casa o zelador  aguarda  com um pequeno pacote. Sorrio ao perceber que estava em minhas mãos o prometido presente de aniversário: de  Salvador para Porto Alegre.  Um singular presente, afinal qual autor  entregaria seu livro antes do lançamento? Conquista de quem acompanhou a criação da obra e aniversaria, exatamente,  quando papel e tinta fazem desta criação a matéria para chegar em nossas mãos. Poderia  abrir o pacote ali,  saciando a curiosidade da espera de tantos dias. Mas o destino anunciou que eu poderia fazer durar o  tempo de presentear para torná-lo ainda mais saboroso. Naquele exato momento eu  viajava para Nova Prata, distante   32 quilômetros de um dos personagens de meu presente: o município de Paraí.  A vontade de abrir o pacote  era  grande, mas o destino de nossos percursos é soberano quando o lema é viver o trajeto da paixão que produz a experiência. Decido  não

Férias em Ponta do Mutá

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www.barragrande.net/marau/praias.php?theme=barragrande Era para silenciar. Viver o sol e o mar para retornar com as lembranças na memória de si. Impossível... Como guardar as sensações no corpo e não compartilhar em traços de palavras, para que outros marquem no seu mapa, este tesouro das terras de nosso Brasil sem fim.  Uma amiga gaúcha, que pousou sua morada na Bahia, já havia comentado com enlevo sobre este lugar. Depois, quando comentei sobre férias, um amigo mineiro - que também fez da Bahia sua casa - indicou de forma precisa o mapa da mina: Ponta do Mutá.  Entre outros planos, acabei por optar por dias de encontro com o mar, o sol, as leituras, a caderneta para escrever sem compromisso, a areia para desmarcar meus passos em longas caminhadas.  Minha convicção: viver férias acompanhadas pelo lugar que acolheria o pouso de minhas vontades.  E assim aconteceu...  Começamos com um peculiar trajeto que nos leva a experimentar outros tempos de locomoção. Chegando a Ilhéus,

Letras, neblina e Gizz

         Em 29 de janeiro de 2009, quando remoía as ideias sobre o que poderia ou não escrever em minha tese, encontrei a  neblina  a    beira mar. O som do mar e o desenho do movimento de suas  ondas na areia, como bússolas. Para trás, neblina percorrida e ondas repetidas dissolvendo as pegadas; para frente, o movimento do passo. Quando o sol surgiu se fez a  exatidão dos contornos em volta,  aparentemente a incerteza do percurso na neblina foi dissipada. As   letras invadiam o pensamento e buscavam meus  dedos sem dar importância ao lugar ou sentido do que diziam. Uma tese? O trabalho com políticas juvenis? A vida com  marcas de passos perdidos? Restava escrever com Gizz e  fazer de si a morada de uma   vida que transbordava em  palavras. Restava escrever com giz e fazer das palavras um modo de entregar-se a vida  transmutada em pó  no tempo. A tese passou e o  ato de escrever seguiu  com uma força avassaladora, tomando corpo com sua vida própria.  A experimentação possibilitou nov