Crescer
Ele chegou habitando um olhar
diferente, acompanhado de palavras que saltitavam, aqui e ali, para contar sua história.
Falava de seu entusiasmo ao perceber o brilho
de um olhar de criança naquele que conquista o que almeja.
Na cena de sua afetiva lembrança o
outro estava sentado na escada da casa, a observar sua conquista, com um sorriso que contagiava
o ar.
Ia e vinha para tocar o presente, trocar de lugar e se convencer de que
era seu!
Mas o que teria de tão especial uma cena corriqueira
de quem se presenteia com algo muito desejado?
Ao escutar a história
encontro a beleza do tempo que movimenta a relação
entre filho e pai. Não
era o pai que falava da alegria do filho, mas o filho que observava no pai a presença
do brilho da infância
que faz do sonho uma realidade.
O atento olhar ao que acontecia com o pai enunciava que o filho adolescente
já estava a movimentar-se na adultez que começava habitar sua própria vida.
O necessário
jogo de inversão, entre lugares e olhares, para crescermos guiados pela descoberta de que continuaremos a sonhar e a brincar com o presente que conquistamos.
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