Pina: um filme que dança.

O corpo  se acomoda na poltrona do cinema.
O olhar percorre a tela aguardando um filme.


Um véu toca o rosto.
O belo efeito 3D nos torna parte da cena.
Já não sabemos se é um filme, pois estamos num palco com a dança ali acontecendo.

E quando nos entregamos ao palco, temos um filme.
A dança vai acontecendo com a cidade.
As músicas são lindas, as poucas palavras precisas, mas ambas sucumbem no gesto que dança.
O movimento do corpo é  protagonista.

E fui abandonando  o corpo que conhecia.
Respirava?
Parece que sim, mas até o ar parecia dispensável.
Percebi que meu único movimento foi soltar os braços, ali fiquei na mesma posição. 
E quando o filme "acabou", se é que tem fim, meu corpo era outro. 
Vivi a extensão de cada passo, de cada gesto-afeto.
Estava na dança.


Entre movimentos de corpos sem letras, a dança grita, sorri, silencia, entristece, ama, brinca, fere, goza, resiste, e tanto mais que não sabemos dizer. 
A expressão da vida de  nossos corpos


Pina
Pina Bausch (1940-2009), coreógrafa alemã
Filme dirigido por Wim Wenders



Comentários

  1. Ao ler essas palavras revivi o prazer e o espanto da experiência de assistir ao filme. Realmente é uma transformação.

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