Aprender com botões.
Uma dica amiga coloca no percurso de um sábado o filme
“A Guerra dos Botões”, de Yann Samuell inspirado no livro de Louis Pergaud.
Para os apreciadores do cinema é possível buscar versões anteriores do filme (1932, 1962 - dizem que é a melhor, 1994).
A versão atual parece escondida, pois nada ouvi falar sobre, muito menos constatei na grade de programação do cinema comercial. Devo estar ficando cega….
Por que será que um filme de tanta beleza, feito da reflexão com a infância e a educação não aparece em nossas opções??
A versão atual parece escondida, pois nada ouvi falar sobre, muito menos constatei na grade de programação do cinema comercial. Devo estar ficando cega….
Por que será que um filme de tanta beleza, feito da reflexão com a infância e a educação não aparece em nossas opções??
Felizmente, a dica amiga provocou a sensação de que os botões já disputavam
um combate com minha agulha e linha. Foi assim que cheguei à Casa de Cultura
Mario Quintana, lugar perfeito para
acolher um tempo de sentir a plenitude
da vida com a bela arte do encontro
entre o cinema e a literatura.
Produzido na cronologia de outra época, mas feito da
sensibilidade com a vida da infância que habita todos em qualquer tempo. Basta
estar sensível ao que sentimos, olhamos,
escutamos.
Alegre e bem humorado entre o guerrear de dois grupos
de crianças que enunciam em suas disputas as diferenças dos modos de viver de
duas comunidades. Nos leva a visitar a própria infância e as invenções espertas de nossas crianças…
Os impasses de como aprender, ou melhor, do que nos
leva a não aprender. E, logo mais, a
astúcia do professor para fazer daquilo que movimenta as vontades juvenis a inspiração
de uma singular pedagogia para chegar ao que precisa ser aprendido.
O limite das disputas de uma guerra “de brincadeira”
quando o soldado retorna da guerra “de verdade” e com seu olhar sem brilho indaga: para que?
E seguimos com o lugar dos pais, quando uma mãe faz a
escolha do filho para que ele se torne “alguém” e recebe a pergunta: mas ele já
não é “alguém”?
E os modos como as crianças podem criar alternativas e
construir coletivamente as suas respostas. Entre botões disputados, recuperados, costurados, o crescimento e a independência são exercícios da liberdade para aprender e
ser.
E no decorrer do que era uma guerra de meninos vão sendo alinhavadas outras conquistas com a beleza de fazer da diferença a aprendizagem da vida. Menores e
maiores, meninos e
meninas, erro e compreensão, crianças e adultos, ganhar e perder, viver!
E quando tudo dizia de um final marcado pelo giz, que nas mãos das crianças fez do
chão da cidade o quadro sem escola, vem a chuva para levar as marcas e dizer que tudo está aí para um
combate com os botões que recebemos, escolhemos, perdemos…
Com esse texto, alguém poderia não ver o filme?
ResponderExcluirHum, sempre gostei de jogar botão.
ResponderExcluirAprendi com meus irmãos mais jovens.
É bem verdade que sempre fiz mais espalhafato do que gols.
Numa casa com pessoas de diferentes idades
muitas fronteiras estabelecidas se desfazem.
Jovens, adolescentes e crianças num mesmo espaço
convocam a diferença para o cotidiano e isto também
põe os adultos em movimento.
Bons encontros são tecidos aí.
abçs,
Rô