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Dominó de lembranças paternas

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Dias atrás, entre "cartões postais instantâneos" do facebook,   a fotografia do pai de um amigo  me fez viajar aos acolhedores dias dessa convivência.  Neste passeio  de boas lembranças estava  o gosto  da sensação da presença paterna. Atos que envolvem desde o apoio ao nosso cotidiano até as orientações  que, independente da idade dos filhos, dizem de   sermos vistos sempre com um pé na infância.  Ter a permissão para degustar  instantes do lugar de  criança tem seu valor, afinal ser adulto 24 horas cansa… Inhotim - MG No caminho da imagem vivida  às semelhanças revividas,  as  pequenas peças enfileiradas do dominó da memória foram movimentadas. Estavam ali, em prontidão,  aguardando o toque     uma na outra, para desencadear  sentimentos na data que a vida arranja.  Passado e  presente pedindo para  marcar um encontro que se chama saudade. ...

Jogando com o gerúndio

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Ando fazendo peripécias para que o estudo da língua  portuguesa tenha um tempero mais próximo do  paladar de filhos adolescentes. Já que adoro brincar com as palavras, acho meio estranho um certo  desgosto que eles manifestam com este cardápio. Claro que ao ser apresentada aos polígrafos  com aquelas explicações que cortam e recortam textos para tornarem-se sujeito, predicado, adjetivos, advérbios e por aí  vai, percebi que eu também não conseguia me encontrar entre essas opções. Entretanto, com a intensa  vontade de escrever, a necessidade de uma orientação se faz necessária,  pois muitas vezes aparecem dúvidas quanto ao modo correto de redigir. Com certeza deixo passar  alguns equívocos gramaticais ... Fico a pensar que não sou um bom exemplo aos meus filhos, pois tenho priorizado expressar   ideias na ânsia de tornar minhas inspirações uma conversa escrita. Seria possível fazer dos erros de um  texto o apr...

A agenda e a borboleta

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Ela acordou  com a sensação que tinha deixado o tempo passar. Os lençóis e o cobertor faziam do relógio um artifício sem utilidade. Embalada pelo sábado  cinza achava que  o sol não apareceria para convocá-la a viver a luminosidade de um novo dia. Assim, a lista de tarefas pendentes faria do cinza trabalho.  O tempo engolido pelas   tarefas a serem vencidas seria vivido como se um novo dia não houvesse.  Mas os pontos de luz que ultrapassavam a janela convocavam o  olhar e movimentavam os   alinhavos  do  corpo com os lençóis e o cobertor. Então, levantou. Venceu o trajeto de uma  noite que  permanecia na cama  produzindo  pesadelos com olhos abertos. Fez dos fios de alinhavo o enlace com a janela. O sol inundou o quarto e deixou a escuridão passar pelo  encontro  do corpo com o dia. As linhas viraram caminhos de vento. Já não era possível vacilar diante de tal acontecimento.   A janel...

Letras Perdidas

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Num tempo que insiste em passar   Escrever  toca  no tom que faz parar Entre  delicadezas para acalentar Invadem as asperezas da aceleração Fazendo  das letras  solidão Talvez nada a dizer Pois o descompasso que entristece Não faz a vida parar Apenas silenciar Mas as estações seguem E a cada palavra que se perde A vida prescreve   Como  podes te ausentar                    Quando tanto preciso              No alento de teu experimentar              A tristeza ventar               Para com o alfabeto dançar

Mãe e o "quanto baste"

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Já que as perguntas sobre  a existência humana são infinitas e, por vezes, angustiantes, nada melhor do que ter um dia certo,  como o dia das mães,  para celebrar quem demarca um lugar para nossa origem.  Entre as celebrações de maio, mães por perto, outras que partiram, filhos que vieram e  a vida segue. Cá estamos como adultos, afinal  não nos deixam ficar numa daquelas paradas deliciosas de ganhar mamadeira;   receber o sono  com um beijo e  uma história que adormece;   ou,  simplesmente, ter alguém contra quem se rebelar e depois voltar para seu colo sem pestanejar. Resta fazer das  duradouras lembranças ingredientes para percorrer e  degustar nossos próprios caminhos. Entre mil delícias dos feitiços maternos culinários, retorna a cena de uma fábrica de biscoitos que, de tempo em tempo, invadia a cozinha da infância. As delícias quadradas, redondas, retangulares,  passavam por um grande for...

Um amigo de giz

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Eles se conheceram numa terra que percorre a história de suas vidas. Compartilhavam, na infância,  as mesmas ruas de vizinhança livre para brincadeiras de uma cidade de interior.  Mas não registravam na memória a presença  de um e outro.  Ela ali havia nascido e, quando jovem, mudou para outro destino.  Ele ali circulava,  nas férias de cada ano,  com familiares que guarda no coração não importa a morada de seu destino.  Já adultos, em tempos de natal, retornam ao conhecido e acolhedor lugar para celebrar passagens de novas vidas que o fim de ano vislumbra. Então, são  apresentados pelo  acaso do olhar e do pedido de uma bala, uma goma de mascar, ou qualquer  coisa que adoçasse ainda mais o  movimento que trazia um tempo de infância.  Nesta terra do sempre, foram presenteados com o encontro  de uma amizade sem lugar.  Como o vento,  seguiram suas vidas  para outros  lugar...

A menina e a moeda

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Entre o café e o pão,  o queijo e a goiabada,   ela e ele falavam sobre o romantismo de nossos dias.  Homens e mulheres independentes e  decididos com os rumos de suas vidas, mas vacilantes com seus amores. De que são feitos os castelos de príncipes e princesas que dão conta de suas vidas sem a espera do dia encantado? Ou este  dia  anda tão encantado - e distante -  em função  da exigência sem fim  que os  atos solitários  produzem? E vai ficando para trás o acaso, a  boa dose  de poesia,  estrelas cadentes,  pequenas e inesperadas delicadezas. O   castelo da razão  torna  a  espontaneidade da entrega uma   muralha  do que deve ser.  Entre palavras que explicam,   o alegre  movimento  de uma  criança solicita atenção. A pequena menina brincava. Passava entre os móveis e  descobria em cada passo uma invenção do espaço. A c...