Letras, neblina e Gizz
Em 29 de janeiro de 2009, quando
remoía as ideias sobre o que poderia ou não escrever em minha tese, encontrei a neblina
a beira mar. O som do mar e o desenho do
movimento de suas ondas na areia, como
bússolas. Para trás,
neblina percorrida e ondas repetidas dissolvendo as pegadas; para frente, o
movimento do passo. Quando o sol surgiu se fez a exatidão dos contornos em volta, aparentemente a incerteza do percurso na
neblina foi dissipada. As letras
invadiam o pensamento e buscavam meus dedos sem dar importância ao lugar ou sentido
do que diziam. Uma tese? O trabalho com políticas juvenis? A vida com marcas de passos perdidos? Restava
escrever com Gizz e fazer de si a morada
de uma vida que transbordava em palavras. Restava escrever com giz e fazer das
palavras um modo de entregar-se a vida transmutada em pó no tempo. A tese passou e o ato de escrever seguiu com uma força avassaladora, tomando corpo com
sua vida própria. A experimentação possibilitou
novos usos de si e dos percursos nebulosos. O encanto pelo tatear vagaroso com as letras em
grafias de pó vai marcando traços que o vento faz pousar em ensaios de palavras,
parágrafos, textos. Foi preciso experimentar a neblina e turvar o olhar para habitar
os misteriosos lugares da criação. Passagens
daquilo que podemos e não sabemos.
Ventos de Giz
oba!!!! blog bom!!!!
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